quinta-feira, 4 de maio de 2017

MEMORABILIA - Thousand Ways to the Same Land (2003)




Prólogo

A você que chegou até aqui,
Antes de qualquer coisa, como bom anfitrião, lhe desejo em nome da banda, nossas boas vindas. Se você chegou até esse blog é porque se interessa em conhecer um pouco mais da nossa história, além de uma simples biografia ou entrevista. E chegou ao lugar certo. Este será durante algum tempo um espaço dedicado aos que buscam algo além das nossas canções. É um lugar para os “velhos de guerra”, mas também para os novos que não se acomodaram a simplesmente ouvir duas ou três faixas mp3 em 128kbps ou um videoclipe no You Tube antes de formarem uma opinião sobre a banda.
A vocês e em respeito a vocês, aqui entregaremos revelações sobre nossas conquistas e percalços durantes os 15 anos que se passaram. Ao contrário do que lhes é vendido frequentemente por aí, queremos deixar nosso relato verdadeiro, sem maquiagens, pois é óbvio que estar em uma banda underground no Brasil não tem muito de glamour ou “perfumarias”, mas sim,  suor, desentendimentos, estrada, passos adiante (conquistas) e passos atrás (frustrações). No fim, são esses momentos e experiências que estarão emoldurados na nossa sala de memórias. E como aconselha uma grande canção do Marillion: “Happiness is not the end of the Road…Happiness is the Road”!

Welcome Home, Lunatics!


Thousand Ways to the Same Land – 2003

Por Leko Soares (guitarrista e membro fundador)

Me recordo como se fosse ontem: era uma bela tarde aqui no sul de MG, voltávamos de Alfenas para Machado após as gravações de uma sessão destruidora de bateria do Elias. Olhava fixamente pela janela do ônibus e enquanto observava além da paisagem dos cafezais que dominam boa parte das estradas da nossa região, tinha um sentimento de que aquele seria um ótimo início. Era quase um alívio uma sessão tão bem gravada, depois de, no mesmo dia, termos tido uma discussão um pouco áspera com um colega da época, que nos dizia com todas as letras que não estávamos prontos para gravar uma Demo. Hoje eu entendo perfeitamente o ponto de vista dele, pois a banda sequer tinha um ano de vida e nós já ousávamos fazer algo ainda incomum para a época, em se tratando da “galáxia” que era a nossa pequena cidade. Era um passo grande, que envolveria viagens, dinheiro para quatro moleques (o que nenhum de nós tinha em grande quantidade, rs), foco e mais do que tudo isso.....envolvia ‘dar a cara a tapa’. Esse foi o primeiro dos desafios que nos serviriam como combustível para seguirmos em frente ao longo dos anos.
O desenrolar das gravações nos mostrou possibilidades que nem imaginávamos existir. De todos na banda à época – o Léo nos vocais, Paraná no Baixo e o Elias na batera – somente eu já havia tido a experiência de gravar uma demo, em 1999, com minha outra banda naquela fase, o “Seventh Steel”. Ainda assim, eu mesmo tinha pouquíssima noção de como funcionavam as coisas em um estúdio e chegamos para gravar com o esqueleto das músicas montadas, mas nada além disso.
Demos muita sorte de termos encontrado o Jailton Nunes nesse período da banda, um produtor que, embora fosse de uma praia totalmente diferente - jazzista de nascimento, eu diria – resolveu embarcar na nossa vibe comprando a ideia do álbum junto com a gente.  Particularmente, a experiência que tive ao lado dele, trabalhando nos dois primeiros álbuns da banda, me acrescentou muito na maneira de entender e sentir a música nos dias de hoje. Se me tornei o musicólatra, eclético e ‘garimpeiro’ que sou hoje, devo muito aos papos e aprendizados nos intervalos das gravações, regados à Whiskey e cerveja acompanhados por Miles Davis, John Coltrane ou algum jazzista similar, ao fundo.  Tivemos alguns porres homéricos nessa época e o resultado de um deles ficou registrado no álbum em uma faixa escondida no fim da Namärie, rs.

Voltando às gravações, como fechamos o pacote por músicas e não por horas, tivemos um tempo considerável no estúdio para aprendermos algumas ‘manhas’ e pensarmos nos arranjos da Demo. O resultado foi uma sinfonia de guitarras permeando o álbum todo, o que, embora soe exagerado demais aos meus ouvidos nos dias de hoje, é extremamente compreensível que o fizéssemos naquele momento, rs.


Não posso deixar de citar aqui a participação do Brunão do Tuatha, que foi exemplar com a banda nesse início e participou de uma das gravações mais bêbadas registradas no Metal Nacional. Duvida? Ouça o cara cantando no meio da “There and Back Again” e tire suas conclusões, rs. Bons momentos no Step Studios que teriam um repeteco ainda mais memorável nas gravações do “...of Bards and Madmen”, dois anos depois. Mas essa é história pra outra hora.
Depois de muitos anos sem escutar a demo, ouvindo durante essa semana para começar a escrever esse texto, é reconfortante não sentir a agonia do momento do lançamento ou de cada uma das dezenas de audições nos meses posteriores, quando o coração acelerava e eu estava sempre procurando os erros e me arrependendo com os excessos que já não davam mais para consertar. Hoje, porém, é fácil entender que tudo o que foi feito deveria ter sido exatamente daquela forma e os erros no álbum refletem a nossa inocência no período e nada mais. São compreensíveis,  pois era simplesmente o primeiro passo e o que fica é o mesmo sentimento daquela tarde de 2003, dentro do ônibus, tendo a certeza de que, em essência, fizemos um bom trabalho inicial e que abriria várias portas para a banda dali pra frente.


...e a história continua

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Principles of a Past Tomorrow - Seção Review IV

Site Dutch Distortion (Alemanha)  - Nota 8,5
Review original (em holandês), no link: 
http://www.dutchdistortion.nl/2015/08/lothloryen-principles-of-a-past-tomorrow/

Traduzido por: Xandão Bueno


Por Randy van Halen



A primeira coisa que faço quando vejo uma promo na caixa de entrada do meu e-mail é procurar mais informações sobre a banda: o estilo musical que tocam, de onde eles vem, esse tipo de perguntas. E às vezes os resultados são os mais estranhos, e você acaba não sabendo o que esperar antes de ouvir o álbum. 

Esse foi exatamente o caso com a Lothlöryen: o que o Folk Metal brasileiro teria a me apresentar? Será que eles combinariam a música tradicional brasileira com o metal? Pra quem esperava ver salsa e metais combinando, é melhor ficar distante desse álbum. Agora, você curte o folk medieval europeu, violões e piano, unidos em uma poderosa mistura Prog- Metal? Então leia: este é o álbum certo pra você. 

A música da Lothlöryen é otimista, épica e cativante ao mesmo tempo. Elementos folclóricos a la Blackmore’s Night se misturam com a música do estilo de, entre outras, Orden Organ e Blind Guardian. Nunca se distanciando, no entanto, de seus compatriotas do Angra. Além disso, a qualidade do canto é impressionante. O Vocalista Daniel Felipe se sai tremendamente bem com sua voz, especialmente nas notas graves, lembrando imensamente Russel Allen (Synphony X), mas com um pouco mais de aspereza e versatilidade. Ao escutar esse álbum, tive uma surpresa atrás da outra. 

Após a introdução épica e potente de “Heretic Chant”, a faixa seguinte, “God is Many” inicia-se com um discurso de Stephen Hawking sampleado. Rumo ao refrão você ouve melodias vocais ao estilo “Powerwolf” que se encaixam muito bem com o instrumental. E essa característica aparece de maneira regular em todo álbum, assim como instrumentos típicos do folk metal: violinos, flautas... Eles estão em quase todos os álbuns do gênero, e são praticamente uma obrigação. No entanto, aqui eles não soam como um clichê, mas como algo novo e original. É esse frescor e originalidade que você pode ouvir na forma em que as músicas são escritas. 

Embora possua os mesmos elementos que já foram mastigados vinte vezes e usados por muitas bandas, o Lothlöryen faz algo que continua sendo interessante escutar. Este é um dos melhores álbuns de Folk e Power metal lançados esse ano.Isso é quase uma hora inteira de puro prazer para os fãs do gênero: acessível, mas diferente dos outros. É quase impossível não amá-lo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Principles of a Past Tomorrow - Seção Review III

Site The Killchain *sem nota
Review original(em inglês), no link:
https://thoseonceloyal.wordpress.com/2015/08/29/review-lothloryen-principles-of-a-past-tomorrow/

Os brasileiros Heavy metal do Lothlöryen completam 13 anos agora e seu lançamento independente "Principles of a Past Tomorrow" é seu quinto álbum completo, seguindo empolgados na evolução de Some Ways Back Some More, do ano passado.
Há uma grandiosidade no Lothlöryen que é encantadoramente elegante. Um monte de bandas de Power Metal que incorporam elementos Folk se tornam um tanto quanto cafonas, mas faixas como "Heretic Chat" tem essa grande vibração característica deles que é ao mesmo tempo cativante e ainda adequadamente épica. Eles tem um grande espirito Heavy Metal que percorrem cada faixa, e quando os elementos Folk são adicionados, eles realçam com violinos delicados (como no hino 'God is Many') ao invés de exagerar.

'Principles of a Past Tomorrow' é mais ou menos um álbum típico de Power Metal, feito especialmente pelo uso hábil da banda de elementos de Folk Metal e passagens progressivas sutis que ampliam sua habilidade de composição. Seja a balada tribal de 'Time Will Tell', a galopante 'The Convict' ou o empolgante folk 'The Quest is on', o Lothlöryen mantem você enredado em sua música com melodias variadas e de qualidade. Na hora que chegamos ao fim, o Lothlöryen terá ganho você com sua honestidade e sua encantadora entrega em um gênero muitas vezes criticado. Satisfatoriamente único.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Principles of a Past Tomorrow - Seção Review II

Site Rock Garage (Alemanha), nota 8,5 de 10
Review original(em alemão), no link:
http://rock-garage-magazine.blogspot.de/2015/08/lothloryen-principles-of-past-tomorrow.html



Traduzido por Xandão Bueno



"A Lothlöryen, banda brasileira sobre a qual comentamos o último álbum: “Some ways back some more”, despediu-se educadamente do selo alemão Power Prog e agora aventura-se de forma independente! 

Por isso, eu fiquei muito surpreso quando me ofereceram o “Principles of a past Tomorrow” como uma produção independente. Aparentemente, o novo álbum foi lançado apenas no Brasil e só podemos conseguí-lo em nosso país importando ou comprando diretamente no site da banda.
Os jovens dão continuidade em seu novo álbum à sua familiar e habitual mistura do Heavy/Power Metal à sonoridade Folk, de forma semelhante ao que os seus compatriotas do Hybria fizeram em seus álbuns.

O novo trabalho inicia-se com  “ A journey Begins”, uma abertura instrumental que nós temos que relatar, embora não traga nada de especial, é tocada de maneira bem decente.

Herectic Change é então a primeira música, com todas as pausas características e vocais certeiros, no que pensar tratá-la como uma “quase-abertura” não é de todo errado.

Mas é agora que a coisa realmente esquenta, porque as seguintes “God is Many”, “Time Will tell” e Night is Calling” são três absolutos petardos de primeira classe em um curto intervalo.

O atmosférico interlúdio “And Dowland Plays” já nos encaminha para a seção final do disco, que também é válida, com a grande, folk e atmosférica “The Quest is On” e a esmagadora “The Law and the Insider”, ambas peças de primeira classe.

A elas, seguem-se duas músicas, o também interlúdio bem sucedido “Who made the marker” e a  faixa final “Wavery Time”, que não me agradou, o que não é trágico, pois graças às músicas anteriores podemos dizer que temos aqui um álbum de sucesso.

Sugestões de escuta:

Posso citar que “God is Many”, “Time will tell”, “Night is Calling”, “The Quest is On“ e “The Law and the Insider“ são os destaques.

Conclusão:

O que a Lothlöryen fez aqui no final não é muito diferente do apresentado em seu último álbum “Some ways Back Some more”, porém traz canções mais interessantes, a voz do Frontman Daniel Felipe é novamente de alto nível e os elementos folk da banda também estão de volta à bordo.  Partindo desse ponto de vista, eu posso recomendar a compra desse disco sem qualquer remorso.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Principles of a Past Tomorrow - Seção Review I

Site FOLK-METAL.NL (Holanda), nota 8,5 de 10
Review original (em inglês) no link:
www.folk-metal.nl/2015/08/lothloryen-principles-of-a/

Desde que eu adquiri esse tipo de mira laser quando se trata de Folk Metal,  acho bom quando vem algo um pouco fora do meu radar, como é o caso do mais recente lançamento do Lothlöryen, do Brasil. Apesar de ter uma história de 10 anos com inúmeros lançamentos em sua conta, eu não sou super-familiarizado com o seu catálogo, o que é uma vergonha uma vez que este é provavelmente um dos melhores grupos de Proggy-Power Metal em ação lá fora.

Com seu mais recente lançamento "Principles of a Past Tomorrow" eles estão cimentando ainda mais o seu legado com uma versão épica de alta qualidade. Eu não sei se eu necessariamente os considero “Folk Metal” como um todo, suas canções se inclinam mais para bandas como Gamma Ray, Blind Guardian, Lost Horizon, Dream Theater e Hammerfall, mais do que qualquer outra coisa . Power Metal Progressivo eu acho que seria mais preciso. Há alguns toques de Folk? Claro . “God is Many” apresenta alguns violinos, mas é o suficiente para ser uma banda de Folk Metal? Bem, isso realmente não importa muito pois acho que este é simplesmente um álbum divertido de se ouvir. Sem o preciosismo ou a riferama técnica/exagerada de algumas bandas mais progressivas ou canções alegres estilo "hinos" de outras, o equilíbrio do Lothlöryen está nessa linha tênue entre ambos.

Há um belo uso de instrumentação acústica e teclados estilo órgão Hammond em "Time Will Tell", onde você também pode ouvir um toque do velho Iron Maiden. O que acho que eu mais gosto sobre eles é que eles correm alguns riscos e não fazem simplesmente a mesma coisa música após música, mas nunca se distanciam muito de seu som em versões experimentais.

Com uma produção sólida e óbvia musicalidade de cada membro da banda este é um lançamento de qualidade em vários níveis. Tendo construído uma fundação ao longo dos anos de faixas de Power Metal cativantes, eles tem que irromper em um nível maior o qual esperemos que este álbum irá fazer por eles...


Para alguém que está à procura de um bom álbum para ouvir, aqui está simplesmente  um grande Metal Épico e talvez não estando em busca de algo excessivamente técnico e que seja mais acessível, o novo Lothlöryen certamente vai fechar a conta .... Grande álbum.